

Cresce letalidade policial em Minas
Os estudos também apontam que a negligência das instituições policiais para investigar circunstâncias e punir os crimes estimula a reincidência
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Tal crescimento da letalidade policial no estado em 2024 acende o alerta do CAO-DH. E preocupa promotores, mesmo Minas Gerais apresentando a segunda menor letalidade policial no país: a taxa mineira só não foi menor do que a do estado de Rondônia, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2024, com dados de 2023. “Nossa preocupação é com os riscos reais de evoluirmos mal nos números de letalidade, como ocorreu com outros estados. Tem estados no Brasil com índices alarmantes de letalidade, que tinham números próximos aos de Minas Gerais, alguns anos atrás. A polícia, o Ministério Público e a sociedade precisam estar sempre vigilantes”, afirma o promotor de Justiça Francisco Angelo Silva Assis.
Além das estatísticas de letalidade policial, estudos internacionais adotam também outros parâmetros para avaliar abuso de força policial. Um deles compara número de agentes vitimados em razão da atividade policial e o número de letalidades registradas: a razão entre pessoas mortas por agentes do estado e agentes mortos em serviço não deve exceder 10 por 1, segundo indica o consagrado pesquisador Paulo Chevigny. Sempre que tal razão é superada, há indício de abusiva violência policial. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em Minas Gerais, foram registradas duas mortes de agentes em serviço em 2022 e 2023 (uma por ano). Em 2021, não houve registro de óbitos. Considerando que em 2023 foram anotadas 117 mortes por intervenção policial, em 2022, foram 125 e em 2021, 95, nesses três anos o indicador excede a razão 10 por 1: foram 125 pessoas mortas para cada policial morto em 2023; 177 em 2022; e 95 em 2021.
Os estudos também apontam que a negligência das instituições policiais para investigar circunstâncias e punir os crimes estimula a reincidência, colaborando para rotinização dos casos, que em geral estão concentrados em um pequeno número de agentes. Dados do CAO-DH indicam que entre 2018 e o primeiro semestre de 2024 80 policiais – que representam 0,22% do efetivo da corporação no estado – aparecem em 200 registros de letalidade, com a vitimização de 250 pessoas. Estão portanto envolvidos em 27,5% das ocorrências de letalidade registradas em Minas Gerais no período analisado.
Por tudo isso, assume particular relevância o investimento de R$ 10 milhões realizado pelo Ministério Público e governo do estado em projeto-piloto iniciado entre 2022 e 2023, com aquisição de 1.642 câmeras operacionais portáteis, para avaliar o impacto do uso de câmeras sobre o emprego da força policial, em particular, de mortes em confronto policial. Diante da resistência das corporações, ainda não foram disponibilizados ao Ministério Público os dados para diagnóstico e recomendações. Em consequência, a 18ª Promotoria de Direitos Humanos e Controle Externo da Atividade Policial recomendou ao Alto Comando da Polícia Militar de Minas Gerais, em 12 de agosto de 2024 – com prazo de 15 dias –, a apresentação de um plano de acompanhamento da utilização desses equipamentos, assim como as formas de armazenamento das imagens. Ainda espera resposta.
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