Anna Marina
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VIDA CONTEMPORÂNEA

Reflexões sobre o trabalho

Há pessoas que acham que é melhor pedir do que merecer. Em nossas ruas, crianças são "alugadas" a pedintes

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Despedia-me de uma visita no eio da minha casa, quando a um pedinte, bem forte e vestindo andrajos: “Me dá uma esmola”. Respondo que não tenho. Ele pede outra vez e recebe outra negação. “Mas não tem nem pix!”, responde, mal-humorado. Penso comigo: por que ele não pergunta se tem algum serviço que possa fazer?

Tolice pura, já se sabe. Serviço, mesmo, é difícil de ele querer. Vejo isso quando alguns noticiários da TV informam sobre trabalhos oferecidos na cidade. Os dois últimos que ouvi eram relativos a mercearias e farmácias.

Esta semana, vi outro informe, oferecendo R$ 68 mil de salário. Como já aparece há vários dias, acredito que ninguém se animou a aceitar esta ocupação.

No primeiro caso, alguém com quem comento minha dúvida explica que esse tipo de oferta paga sempre um salário mínimo. Com os descontos na folha, sobra uma migalha a mais do que os desempregados recebem do governo. Então, ninguém se interessa.

Mas e a empresa que oferece mais de R$ 60 mil? A oferta está há duas semanas na TV e, pelo visto, ninguém se interessou. Fico pateta com pessoas que acham que é melhor pedir do que merecer.

Nos tempos em que eu viajava, só via como pedintes um ou outro cego, de chapéu colocado aos pés. Nos tempos em que me hospedava no Hotel Madison, em Paris, havia um idoso que se aboletava ao lado da banca de revistas e esperava os “fregueses” de sempre, que desembarcavam dos ônibus ou do metrô.

Alguém da portaria do hotel me contou que ele estava lá há vários anos, era respeitado por todos porque já era muito velho e ficava bem sossegado.

Aqui, nos tempos em que eu ia a determinada mercearia, sempre encontrava a pedinte que queria um litro de leite dentro de uma caixinha. Se recebesse tudo que solicitava, poderia até abrir uma fábrica de queijo, tantos eram os clientes abordados.

Sem falar de algumas pessoas que “alugam filhos”, pedindo alguma coisa a transeuntes para alimentar as crianças. Quando entra dinheiro, o ganho do dia é dividido com quem lhe emprestou o “filho”.

Este “aluguel” é um expediente criativo – e aparentemente rentável –, tantas são as mães que ocupam entradas do comércio dessa maneira. Elas escolhem o ponto com cuidado – e são donas dele.

Vá você, por pura patetice, oferecer serviço a esse tipo específico de pedinte, que esbanja saúde. Pode receber uma descompostura como resposta.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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