Segundo a Colossal Biosciences, o processo envolveu a edição genética de lobos-cinzentos modernos. Eles alteraram cerca de 20 regiões do genoma, usando variantes genéticas extraídas dos fósseis, pra criar animais com as principais características do lobo-terrível — como mandíbula maior, pernas mais musculosas e até uivos parecidos com os da espécie extinta.

Polêmica na comunidade científica 

Apesar do anúncio, especialistas alertam: ainda é cedo pra dizer que os lobos-terríveis realmente voltaram. A Colossal ainda não divulgou os detalhes do experimento em revistas científicas, nem submeteu os dados à revisão de outros cientistas.

Sequenciamento de DNA


Cientistas da Colossal Biosciences sequenciaram o DNA de fósseis de lobos-terríveis e combinaram esse material com genes de lobos modernos. Em seguida, os embriões foram implantados em duas cadelas domésticas, que funcionaram como “mães de aluguel”.


Os lobos-terríveis são uma espécie pré-histórica. Eles viveram nas Américas durante a Era do Gelo e desapareceram há mais de 10 mil anos. Maiores e mais robustos que os lobos-cinzentos que conhecemos hoje, caçavam em grupo e podiam atingir até 1,5 metro de comprimento (sem contar o rabo), enquanto os lobos-cinzentos geralmente variam entre 1,0 e 1,4 metro. Eles não são ancestrais dos lobos atuais, apesar da semelhança física. Na verdade, pertencem a linhagens evolutivas diferentes.


Rômulo e Remo têm seis meses de vida e foram os primeiros a nascer. Recentemente, uma fêmea da mesma espécie também nasceu e recebeu o nome de Khaleesi — uma homenagem à personagem Daenerys Targaryen, da série Game of Thrones. Na série, os lobos-terríveis são mascotes da família Stark. No primeiro episódio, cada um dos filhos de Ned Stark adota um filhote da espécie, que os acompanha pela história.

Lobo-terrível em Game of Thrones

Reprodução


O nome dos machos também têm significado simbólico. Segundo a mitologia romana, Rômulo e Remo foram dois irmãos gêmeos que foram amamentados por uma loba quando foram abandonados. Eles fundaram a cidade de Roma, e Rômulo se tornou seu primeiro rei.


A Colossal afirma que o objetivo do projeto é ajudar a restaurar ecossistemas degradados, usando a biotecnologia para ressuscitar espécies extintas e salvar outras que estão ameaçadas. Entre os planos da empresa estão também a recriação do mamute-lanoso e do tigre-da-Tasmânia.


Os lobos-terríveis recriados por engenharia genética ainda não serão soltos na natureza. Eles devem permanecer em ambientes controlados para estudo. A empresa explica que as tecnologias usadas nesse processo podem ser aplicadas, por exemplo, para ajudar na preservação do lobo-vermelho — uma espécie americana ameaçada de extinção. A ideia é usar os conhecimentos obtidos com a engenharia genética para fortalecer espécies vivas, como desenvolver elefantes com genes de mamute que resistam melhor ao frio.

A iniciativa, no entanto, gera controvérsia. Internautas compararam o feito ao enredo do filme Jurassic Park, em que a recriação de animais extintos causa consequências desastrosas. O projeto levanta questões sobre os limites éticos da ciência e da interferência humana na natureza.

Ilustração

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Apesar disso, os cientistas da Colossal acreditam que a desextinção pode ser uma ferramenta valiosa no combate às mudanças climáticas e à perda de biodiversidade. Em suas redes sociais, eles afirmam: “Na Colossal, não vemos a desextinção como uma solução única, mas como parte de uma estratégia abrangente para reparar ecossistemas, combater mudanças climáticas e preservar a biodiversidade.”

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